Viver a Semana Santa

D. Carlos Lema Garcia

Entramos na Semana Santa e acompanhamos o Senhor em suas horas amargas. Somos convidados a reviver aqueles acontecimentos centrais da história da Redenção.

Em relação ao Domingo de Ramos, desde o século IV, começou em Jerusalém uma cerimônia no lugar onde Jesus subiu ao Céu, em que o povo se reunia com o bispo, entoava cânticos, fazia a leitura do Evangelho e carregava ramos e palmas, dizendo: “Bendito o que vem em nome do Senhor”, dirigindo-se à igreja. Comemoramos a entrada de Cristo na cidade santa, com a intenção de realizar o Mistério Pascal. Ou seja, Jesus já sabia que os líderes do povo de Israel haviam decidido condená-lo à morte. Por isso, neste dia, se lê na missa todo o relato da Paixão.

Na Quinta-feira Santa comemora-se um tríplice mistério: a instituição da Sagrada Eucaristia, a instituição do sacerdócio e o mandamento do amor fraterno. Assim, na parte da manhã há a Missa Crismal, em que o bispo concelebra com todos os sacerdotes e comemoram a instituição do sacerdócio; além disso, os celebrantes renovam os compromissos assumidos na ordenação presbiteral. Na celebração da tarde, Missa da Ceia do Senhor, há a cerimônia do lava-pés, que é uma parábola viva sobre o mandamento novo,  da caridade: um rito cheio de expressividade, com um profundo significado de amor, de generosidade e de doação. Depois da missa começa a adoração ao Santíssimo Sacramento, que coincide com o tempo em que Jesus ficou preso, sob custódia dos guardas, durante a noite, e foi submetido àquele julgamento infame. Por isso, em todas as igrejas, após a cerimônia da tarde, se faz a reserva do Santíssimo Sacramento num monumento, colocado num altar diverso do habitual, enfeitado com flores e círios, para que Jesus sacramentado seja acompanhado pelos fiéis, que hoje podem fazer o que então não puderam: assim, em muitas igrejas, as pessoas fazem uma vigília de oração e adoração durante toda a noite.

A cerimônia da Sexta-feira Santa nos convida a contemplar a Paixão e Morte do Senhor. Consta de três partes: a Liturgia da Palavra – que é a principal – a adoração da Cruz e a Sagrada Comunhão. As leituras se referem diretamente à Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo. A primeira é o texto de Isaías sobre o servo sofredor.  Dentre as demais leituras, ressalta-se a passagem do livro do Êxodo que narra a instituição da Páscoa: o dia da libertação do povo hebraico da escravidão do Egito. E se lê o relato da Paixão segundo o Evangelho de João.

A Vigília da Páscoa é o cume do ano litúrgico. A celebração inicia com a liturgia do fogo, em que o sacerdote abençoa o círio: “Que a luz de Cristo gloriosamente ressuscitado dissipe as trevas do coração e da mente”. O círio pascal aceso no fogo simboliza, em primeiro lugar, a nuvem luminosa que guiou o Povo de Israel ao ser libertado da escravidão do Egito. Por essa razão ouvimos a leitura do livro do Êxodo na passagem do Mar Vermelho, em que os israelitas atravessaram através das águas. Nessa noite santa nós todos também somos convidados a renovar as promessas do Batismo e a renascer dos nossos pecados. Em segundo lugar, o círio pascal significa o Corpo Glorioso de Cristo ressuscitado. No círio está gravado o ano de 2019: o tempo decorrido desde a primeira Páscoa, e as letras do alfabeto grego ALFA e ÔMEGA, para mostrar a natureza divina de Cristo, que como Deus, atravessa todo o tempo, do princípio ao fim. Os grãos de incenso afixados ao Círio representam as cinco chagas de Cristo, insígnias da sua vitória sobre a Morte. A Liturgia do fogo e a distribuição das velas que se acendem do Círio Pascal de certa maneira nos levam ao relato do Evangelho, em que a notícia da Ressurreição se alastra como luz que dissipa as trevas e as dúvidas dos corações vacilantes.

Viver bem a Semana Santa significa acompanhar dia a dia, hora a hora, o itinerário de Jesus: do cenáculo ao horto das Oliveiras, à prisão na casa do Sumo Sacerdote. Estar no palácio de Pilatos, onde é flagelado e coroado de espinhos e segui-lo na Via Sacra, em seu caminho ao Calvário.

A Paixão de Jesus nos convida ao arrependimento dos nossos pecados. Vamos retificar os nossos erros. Aproveitar essa semana para fazer uma confissão sincera e contrita, com o desejo de retificar. Assim poderemos começar uma vida nova, mais perto de Deus e participaremos da alegria da sua Ressurreição.

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