Não adiar realizar as coisas que Deus nos pede

D. Carlos Lema Garcia

O Evangelho do 26º Domingo do Tempo Comum nos apresenta o relato de uma situação muito real, que acontece com frequência nas famílias. O pai faz o mesmo pedido a seus dois filhos e cada um deles reage de maneira diferente. Podemos imaginar que Jesus conta essa parábola para mostrar a expectativa de Deus, quando manifesta a sua vontade em relação a nós, seus filhos.

O primeiro filho mostra uma boa vontade aparente. Talvez por medo de desagradar ao pai, responde afirmativamente: “Sim, pai, vou trabalhar na fazenda. No entanto, a sua postura denota falta de sinceridade e de coerência. Ele deseja uma boa imagem diante de seu pai, mas não é sincero, não quer explicar o que sente, o que lhe acontece, nem o que pretende. Ele promete que vai trabalhar, mas não o faz. Sabe que esse comportamento não é certo, mas não tem coragem de enfrentar o pai e decidir mudar e se corrigir. Todos nós precisamos aprender a abrir nosso coração diante de Deus e, com confiança, manifestar o nosso interior: sentimentos, pensamentos, preocupações, tristezas, alegrias e desejos de fazer grandes coisas pelos outros… Também, como o rapaz, podemos sentir a tentação do adiamento. Notemos que ele não diz ao pai que não vai, mas, na prática não foi trabalhar. Nós também podemos nos enganar, pensando: “Mais adiante, quando as coisas melhorarem ou mudarem, ou se resolverem… aí eu farei.” Sabemos que é uma forma de nos enganarmos, postergarmos ao máximo possível a realização de alguns deveres difíceis e contentar-nos com um adiamento diante da vontade de Deus. Aqui também há falta de coerência: ele diz uma coisa e faz outra. Promete e não cumpre.

Neste ano vocacional, quantos jovens estão recebendo o chamado de Deus: “Vem trabalhar na minha Igreja?” O segundo filho, ao contrário, manifesta o que seu coração sente, não quer aceitar as ordens do pai, mas ele se retrata. Pondera melhor: é razoável que o meu pai me peça essa ajuda: tudo o que tenho e sou recebi dele. Pensa em seu pai e vence a má disposição inicial. Arrepende-se, corrige-se, muda de conduta.

Podemos tirar um ensinamento desta parábola: o que interessa realmente são os fatos, as boas obras. Não a boa vontade inoperante, nem as desculpas. Porque as palavras bonitas, cheias de boa vontade, não santificam, não realizam a vontade de Deus. O que interessa são as obras de amor, fazer o que o nosso Pai Deus espera de nós. Vamos pensar na alegria que damos a Deus com a nossa correspondência, com a nossa fidelidade, apesar da reação inicial de desagrado. Deus espera de nós essa segunda atitude. Vamos pensar em lhe dar a alegria de ser como o filho que se supera, que retifica. Encontrar a vontade de Deus é realizar o sentido da nossa vida, encarar a nossa existência como o cumprimento de uma missão, algo que só cabe a cada um de nós realizar. Vamos descobrir o que Deus tem a nos dizer. O que espera de mim? Onde devo me empenhar para adequar-me ao seu projeto? Vamos aproveitar este ano vocacional para pedir que cada um de nós seja generoso na resposta ao chamado de Deus e para que sejamos perseverantes na nossa vocação, no desejo de fazer sempre e em tudo a vontade de nosso Pai Deus.

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