Urgência e desafios da missão na metrópole
A Cosmopolita São Paulo se recria e se reinventa cotidianamente. A Pauliceia desvairada enaltecida pelo paulistano e poeta Mário de Andrade se redescobre como universalista e pluralista todos os dias. No frenesi da efervescente cidade, a cada instante, surgem novos conceitos e novos valores, mas a megalópole não perde sua identidade, como lemos na famosa inscrição estampada no Brasão: “Non ducor, duco”. Assim, a cidade constituída através de uma Ermida e de um Colégio, por São José de Anchieta, no Planalto, se agiganta e mantém viva sua missão: Não sou conduzido, conduzo.
Como acompanhar o gigantismo e brilhantismo da cidade de São Paulo? Como senti-la plural, sem perder seu dinamismo e sua identidade? Essas perguntas podemos fazer, também, tendo como referência da Igreja de Cristo Jesus presente entre nós. O Jesuíta, São José de Anchieta, no dia 25 de janeiro de 1554, a quis edificada no Planalto alicerçada por um Colégio, mas, também, dedicada ao Apóstolo São Paulo. A cidade traz a Educação imbricada com o religioso; a Sociedade paulista está em simbiose permanente com a Igreja de Cristo Jesus.
Lembremo-nos que nosso Orago é o Apóstolo São Paulo, quando da Ereção Canônica da primeira Paróquia a ele dedicada, em 1591, criação da Diocese em 1745 e, posteriormente, Arquidiocese em 1908. O missionário anunciava Cristo Jesus nas cidades e utilizava linguagem urbana. Esteve nas praças e no Aerópago Ateniense. Esteve em Roma e também nas cidades portuárias. Procura conhecer o coração humano, suas querências e mazelas, para testemunhar o Ressuscitado. Não relutava o martírio, mas pregava firmemente até o fim o bom combate. Combater hoje significa dialogar racionalmente com todas as gentes, porém, sem perder a dinâmica e o dinamismo da Fé.
No hoje da Metrópole Deus continua a se revelar e a dialogar conosco. Na barulhenta e movimentada cidade como falar, com quem falar e onde escutar o Altíssimo? Quais são os Aerópagos da grande cidade? Qual a linguagem que devemos ter para anunciar Jesus Cristo? Qual a metodologia que devemos empregar para testemunhar coerentemente o Ressuscitado?
As pessoas querem a Igreja aberta e dialogante. Quantos ainda procuram a clareza e a precisão da Doutrina, contando sempre com a coerência e testemunho daquele que prega, para o empenho eficaz daquele que escuta. Na Cosmopolita e multifacetária São Paulo encontram-se pessoas que querem ouvir o Evangelho de Cristo Jesus. Elas se encontram no turbilhão do gigantismo da metrópole que muitas vezes seduz para o personalismo e individualismo.
Assim se comportava nosso Padroeiro São Paulo Apóstolo “Ai de mim se não evangelizar (1 Cor 9, 16). A missão se dá junto aos desafios, e eles sempre existiram e ainda persistem. Podemos assim dizer que é desafiante ser Cristãos e manter os Valores que são Eternos anunciados por Cristo Jesus. O Salvador nos indica a Ressurreição e nos fala no Mandamento do Amor, quer seja ele o mais próximo de nós ou o mais diferente de nós. O maior desafio é o outro, isto é, aquele que pensa diferente de nós, que anuncia diferente de nós, que se faz oculto e marginalizado, ou até aquele que nem mesmo quer saber da existência e transcendência de Deus.
Portanto, o desafio é sair de nós mesmos e dos nossos rigorismos teóricos e quando não inócuos. Precisamos nos lançar ao diferente dialogando, sem perder as conquistas bimilenares da Igreja. Devemos sempre ocupar todos os espaços para anunciar o Evangelho de Jesus Cristo, proporcionando liberdade e Vida “Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (Jo 14, 6).
Pe. José Ulisses Leva – Prof. da PUC SP