Nossa Senhora Aparecida

D. Carlos Lema Garcia

Na primeira leitura da missa na festa de Nossa Senhora Aparecida, vemos Ester arriscar a sua vida para interceder pela salvação dos israelitas. Havia um decreto real de extermínio do seu povo. Depois de fazer um jejum rigoroso, Ester tem a coragem de se apresentar diante do rei. O rei estende-lhe o cetro, em sinal de acolhimento: “O que desejas?” Ela responde: “Concede-me a vida, eis o meu pedido. Salva o meu povo: eis o meu desejo”. Ester é uma prefiguração de Santa Maria, porque Ela intercede diante de Jesus.

A passagem do livro do Apocalipse apresenta uma cena dramática: uma mulher – também figura de Maria e da Igreja – sendo perseguida por um Dragão, o Demônio, que quer lhe devorar o Filho. A cena, porém, não é de morte, mas de vida, porque Deus intervém e coloca o filho a salvo.

Quantas dificuldades enfrentamos na vida das nossas famílias, do nosso povo! Mas, por maiores que possam parecer, Deus nunca nos abandona. Diante do desânimo que poderia aparecer na vida de quem trabalha para sustentar a casa, de quem se esforça por viver a fé como pai e mãe de família, tenhamos sempre no coração esta certeza: Deus caminha ao nosso lado, nunca nos deixa desamparados. Por isso, nunca podemos perder a esperança.

Lucas narra em seu Evangelho com exclusividade uma cena entranhável: começada a festa de casamento e, por falta de previsão ou concorrência inesperada, veio a faltar vinho. Maria percebe imediatamente a situação e se dirige a seu Filho, expondo-lhe a necessidade: “Eles não têm vinho”. Jesus dá uma resposta sensata: “Senhora, que nos importa isso a mim e a ti? Ainda não chegou a minha hora”. Maria, porém, conhece o coração do seu Filho e pede aos servos: “Fazei o que Ele vos disser!” Jesus manda colocar água nas talhas de pedra e quando a tiram, há um vinho de grande qualidade. Eles encheram-nas até a borda: colocaram tudo o que puderam. Maria nos convida a fazer o que Jesus nos pede. Hoje, Ela está pedindo a Jesus para nós: eles não têm saúde… não encontram trabalho… precisam de paz na sua família…

São João Paulo II celebrou a Santa Missa no Santuário de Aparecida em 4 de julho de 1980. Entre outras coisas nos disse: “E vós, devotos de Nossa Senhora e romeiros de Aparecida aqui presentes… sede fiéis àqueles exercícios de piedade mariana tradicionais na Igreja: a oração do Angelus, o mês de Maria, e de maneira especial, o Rosário… O verdadeiro filho de Maria é um cristão que reza.” E o Papa Francisco veio rezar em Aparecida no dia 24 de julho de 2013: “Queridos amigos, viemos bater à porta da casa de Maria. Ela abriu-nos, fez-nos entrar e nos aponta o seu Filho. Agora Ela nos pede: ‘Fazei o que Ele vos disser’ (Jo 2,5). Sim, Mãe, nós nos comprometemos a fazer o que Jesus nos disser! E o faremos com esperança, confiantes nas surpresas de Deus e cheios de alegria. Assim seja.”

Vamos demonstrar nosso amor e nossa confiança de filhos à Nossa Mãe Aparecida: quem sabe começaremos a rezar o Terço diariamente, ou em família algum dia da semana e levar-lhe as nossas necessidades e intenções. Podemos também oferecer os mistérios do Terço pelas intenções do Papa, pelas necessidades da Igreja, pela Arquidiocese, pelos Bispos, pelos padres da nossa paróquia, pelas vocações, por nossas famílias, pelos doentes, pelos idosos, pelos desamparados.

Nossa Mãe, Maria Santíssima, sempre nos escuta e nos atende, quando recorremos a Ela com confiança de filhos pequenos.

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