Deus não se cansa de perdoar

D. Carlos Lema Garcia

Meio-dia de domingo, 17 de março de 2013. Quatro dias depois da sua eleição, o Papa Francisco fala pela primeira vez aos fiéis que, ansiosos em ver e ouvir o novo Pontífice, reúnem-se na Praça São Pedro para rezar o Angelus.

Em suas palavras iniciais, o Santo Padre se referiu à misericórdia de Deus e ao sacramento da Confissão: “Precisamos compreender bem esta misericórdia de Deus, este Pai misericordioso que tem tanta paciência… Lembro-me de que tinha sido feito bispo havia pouco tempo, quando, no ano de 1992, chegou a Buenos Aires a imagem de Nossa Senhora de Fátima e organizou-se uma grande missa para os doentes. Permaneci atendendo confissões durante aquela missa. E, quase no fim da celebração, levantei-me porque tinha que ir administrar o sacramento da Crisma. Veio ter comigo uma mulher idosa, humilde, muito humilde, com mais de 80 anos. Olhei para ela e disse-lhe: ‘Avó – na nossa região é costume tratar os idosos assim: por avó –, quer confessar-se?’; ‘Sim’, respondeu-me. ‘Mas… a senhora não tem pecados!’ E ela disse-me: ‘Todos temos pecados…’ ‘Deus perdoa tudo’, retorquiu-me segura. ‘E como é que a senhora o sabe?’; ‘Se Deus não perdoasse tudo, o mundo não existiria’. Senti uma vontade enorme de lhe perguntar: ‘Diga-me, senhora! Estudou na [universidade] Gregoriana?’ Com efeito, essa é a sabedoria que nos dá o Espírito Santo: a sabedoria interior rumo à misericórdia de Deus. Não esqueçamos esta verdade: Deus nunca se cansa de nos perdoar; nunca! ‘Mas então, padre, onde está o problema?’ Bem, o problema está em nós, que nos cansamos e não queremos, cansamo-nos de pedir perdão. Ele nunca se cansa de perdoar, mas nós, às vezes, cansamo-nos de pedir perdão. Não nos cansemos jamais, nunca nos cansemos! Ele é o Pai amoroso que sempre perdoa, cujo coração é cheio de misericórdia por todos nós. E, por nossa vez, aprendamos também a ser misericordiosos para com todos. Jesus, ao instituir o sacramento da Penitência, pensou em cada um de nós”.

Ao instituir o sacramento da Confissão, Jesus nos concede uma prova evidente do amor do Deus de misericórdia, que nos perdoa os pecados. Nesse sentido, o Catecismo da Igreja Católica (CIC) ressalta que a fórmula da absolvição expressa os elementos essenciais do sacramento da Reconciliação: “O Pai das misericórdias é a fonte de todo o perdão. Ele opera a reconciliação dos pecadores pela Páscoa do seu Filho e pelo dom do seu Espírito, por meio da oração e do ministério da Igreja: ‘Deus, Pai de misericórdia, que, pela Morte e Ressurreição de seu Filho, reconciliou o mundo consigo e enviou o Espírito Santo para a remissão dos pecados, te conceda, pelo ministério da Igreja, o perdão e a paz. E eu te absolvo dos teus pecados, em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo’” (CIC 1449).

A Confissão é o grande instrumento da misericórdia de Deus! É realmente consolador saber que tudo tem remédio, que não temos motivos para nos desesperarmos nem desanimarmos. Quando nos aproximamos do amor misericordioso de Deus, reconhecendo os nossos pecados, mostrando as nossas feridas, expondo onde nos pesa a consciência, recebemos o bálsamo do perdão, da compreensão, e a graça divina nos ampara para reiniciarmos a nossa luta pela santidade. Todas as nossas feridas são curadas, os nossos conflitos interiores são consolados e a paz volta a reinar depois de uma Confissão sincera e contrita.

Na Bula Misericordiae vultus, o Santo Padre nos recomenda: “Há muitas pessoas – e, em grande número, jovens – que estão se aproximando do sacramento da Reconciliação e que frequentemente, nesta experiência, reencontram o caminho para voltar ao Senhor, viver um momento de intensa oração e redescobrir o sentido da sua vida (17).

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