Cristo vive nos jovens
D. Carlos Lema Garcia
No domingo, 15 de setembro, realizamos o DNJ no Campo de Marte, com uma expressiva e animada participação de jovens da nossa Arquidiocese e de muitas dioceses vizinhas. É verdade que a alegria preencheu o dia inteiro com a vibração durante as apresentações das bandas católicas. Confesso, porém, que me impressionou muito mais a postura dos jovens em relação aos sacramentos: desde as 9h da manhã até as 20h, houve turnos de 12 sacerdotes atendendo às confissões, com jovens aguardando pacientemente na fila. Durante a Santa Missa, apesar de estarem presentes dezenas de milhares de pessoas, todos acompanharam como se estivessem dentro de suas igrejas. Outro momento significativo, no início da noite, foi o silêncio com que os jovens acompanharam a adoração e bênção com o Santíssimo Sacramento.
Em alguns intervalos das apresentações musicais, foram feitas breves catequeses de bispos e sacerdotes, cujos temas versaram sobre propostas do Papa Francisco na Exortação Apostólica Christus Vivit (Cristo Vive), do Sínodo da Juventude. O Santo Padre dirige-se aos jovens para “anunciar-lhes o mais importante, as coisas primeiras, aquilo que nunca se deveria silenciar. É um anúncio que inclui três grandes verdades que todos nós precisamos escutar sempre de novo…” (111): a primeira e mais fundamental: “Deus o ama… Nunca duvide disso na sua vida, aconteça o que acontecer. Em toda e qualquer circunstância, você é infinitamente amado” (112).
Realmente, sentimos o coração seguro e confortado quando consideramos a grandeza do amor de Deus em relação a cada um de nós. São Josemaría o explica desse modo: “É preciso convencer-se de que Deus está junto de nós continuamente. Vivemos como se o Senhor estivesse lá longe, onde brilham as estrelas, e não consideramos que também está sempre ao nosso lado. E está como um Pai amoroso – quer mais a cada um de nós, mais do que todas as mães do mundo podem querer a seus filhos –, ajudando-nos, inspirando-nos, abençoando… e perdoando” (Caminho, 267).
“A segunda verdade é que, por amor, Cristo entregou-Se até o fim para nos salvar” (118). “E Cristo, que nos salvou dos nossos pecados na Cruz, com o mesmo poder da sua entrega total, continua a salvar-nos e resgatar-nos hoje” (119). Se Jesus não tivesse oferecido a sua vida por nós na Cruz, todos ainda estaríamos carregando os nossos pecados, com aflição e angústia. Mas Ele ofereceu a sua vida em nosso lugar e hoje nós recuperamos a paz pelo perdão dos nossos pecados, especialmente pela absolvição no sacramento da Confissão. São Paulo se emocionava ao pensar que Jesus o amou e se entregou a si mesmo por ele: “A minha vida presente, na carne, eu a vivo na fé do Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim” (Gl 2,20).
E o Papa continua: “Mas há uma terceira verdade, que é inseparável da anterior: Ele vive! É preciso recordá-lo com frequência, porque corremos o risco de tomar Jesus Cristo apenas como um bom exemplo do passado, como uma recordação, como Alguém que nos salvou há dois mil anos… Aquele que nos preenche com a sua graça, Aquele que nos liberta, Aquele que nos transforma, Aquele que nos cura e consola é Alguém que vive. É Cristo ressuscitado, cheio de vitalidade sobrenatural, revestido de luz infinita” (124).
“Mas, se Ele vive, então poderá estar presente em cada momento da sua vida, para o encher de luz. Assim, nunca mais haverá solidão nem abandono. Ainda que todos nos abandonem, Jesus permanecerá, como prometeu: ‘Eu estarei sempre convosco até o fim dos tempos’ (Mt 28,20). Tudo preenche com a sua presença invisível e, para onde quer que vá, lá estará Ele à sua espera. É que Ele não só veio, mas vem e continuará a vir todos os dias, para o convidar a caminhar para um horizonte sempre novo” (125).
Termino com duas propostas do Papa Francisco aos jovens, que se encaixam perfeitamente naquilo que estamos vivendo neste mês de outubro missionário extraordinário:
“Jovens, não renunciem ao melhor da sua juventude, não fiquem observando a vida da sacada. Não confundam a felicidade com um sofá nem passem toda a sua vida diante de um vídeo. E não se reduzam ao triste espetáculo de um veículo abandonado. Não sejam carros estacionados, mas deixem brotar os sonhos e tomem decisões. Ainda que se enganem, arrisquem. Não sobrevivam com a alma anestesiada, nem olhem o mundo como se fossem turistas” (143).
Que todos os nossos jovens mereçam esse agradecimento do Papa: “Graças a Deus, hoje, os grupos de jovens nas paróquias, escolas, movimentos ou grupos universitários costumam fazer companhia a idosos e enfermos, visitar bairros pobres, ou sair juntos para ajudar os mendigos nas chamadas ‘noites da caridade’. Com frequência, reconhecem que, em tais atividades, o que recebem é mais do que aquilo que dão, porque se aprende e amadurece muito quando se tem a coragem de entrar em contato com o sofrimento dos outros” (171).