Advento: Preparar a chegada de Jesus
D. Carlos Lema Garcia
Há pessoas que perguntam: “Por que Deus não se manifesta abertamente?”; “Por que continua se escondendo de nós?”; “Não seria fabuloso se Deus aparecesse claramente e se comunicasse com os homens?”. Há pessoas que não acreditam ser possível falar pessoalmente com Jesus. Pois bem: agora no Natal, cada um de nós é convidado para receber Jesus, o Filho de Deus Vivo, que nasce entre nós.
Também há quem diga que bastaria um encontro pessoal com Jesus para se converter. Entretanto, o Evangelho está repleto de pessoas que viram Jesus pessoalmente, que ouviram seus ensinamentos, que viram verdadeiros milagres realizados por Ele e, mesmo assim, não se converteram. Por exemplo: o cego de nascença que pedia esmola na porta do templo e foi curado por Jesus, os líderes do templo não somente não aceitam, mas pretendem matá-lo. Muitas pessoas viram os milagres de Jesus (alguns deles muito surpreendentes, como a ressurreição de Lázaro, depois de quatros dias do enterro…). Os líderes do povo decidiram matar Lázaro, porque muitas pessoas do povo começaram a acreditar em Jesus.
Como devemos nos preparar para a chegada de Jesus? Que bom seria se um dia pudéssemos ter um diálogo pessoal com Deus! Quantas coisas teríamos para perguntar, se tivéssemos a chance de estar com Deus? Pois bem: o Natal significa a entrada de Deus no mundo.
Nunca se ouviu coisa semelhante na história: houve situações em que os homens planejaram se enfrentar com Deus, como os que construíram a torre de Babel para entrar no céu. Mas que Deus se tenha feito homem e vindo a este mundo, que possamos receber em nós a vida divina pela graça, que Deus venha ao mundo, morra e ressuscite e, mesmo tendo voltado ao Céu, permaneça conosco na Sagrada Eucaristia?
Não há nada parecido, nem de longe em toda a literatura, em nenhuma outra religião: um Deus que se preocupa conosco, que vem até nós, supera a distância que nos separa Dele, entra no nosso mundo, fala a nossa linguagem, vive os nossos problemas, conhece os sentimentos do coração humano etc. Inegavelmente, é um acontecimento único na história. Nunca se produziu algo semelhante. Muitos profetas vieram e falaram em nome de Deus, porque eram seus mensageiros e transmitiram ensinamentos sapientíssimos. É verdade. Mas nunca alguém teve o atrevimento de dizer que é Deus, que tem a vida eterna e que vai ressuscitar e nos levar com Ele para o Céu.
Jesus vem a cada um de nós para nos salvar dos nossos pecados. Ele deseja reinar em nossos corações: vem nos trazer o seu reino de amor e de graça às nossas almas. Vem enriquecer as nossas vidas e dar sentido a tudo o que fazemos. Ouviremos muitas vezes na liturgia deste tempo de Advento: “Transmiti a todos os povos: eis que vem Deus, o nosso Salvador”. A Igreja resume em duas palavras: “Deus vem”. Não usa o passado: “Deus veio”. Nem o futuro: “Deus virá”. Mas o presente: “Deus vem”. Um presente contínuo ou uma ação sempre em ato: aconteceu, acontece agora e voltará a acontecer. Em qualquer momento, “Deus vem”.
Entramos no tempo do Advento, um tempo forte, de oração, de preparação, de purificação, um momento oportuno para receber com mais piedade o sacramento da Reconciliação e preparar a Comunhão no dia do Natal.